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Neste blog venho trazer um pouco da minha história de vida e um pouco sobre o "meu mundo" , se possível façam comentários fornecendo suas opiniões sobre os textos .

quarta-feira, 25 de maio de 2011

BANHEIRÃO, UM ESTIMA SOCIAL NO MEIO GAY – POR KIKO RIAZE


Confidenciar fantasias e aventuras sexuais é sempre um tabu para muita gente. Mas quando o assunto é pegação no meio gay, o preconceito e a hipocrisia tomam proporções gigantescas. Até mesmo paradoxais. E estou falando de reações vindas de dentro da própria comunidade gay. Um bom exemplo disso é o famoso “banheirão”.

Quem nunca aproveitou uma ida a um banheiro público para dar uma olhadinha rápida no documento do cara ao lado? (Vale para banheiro de academia também). Existem teorias de que é um ato instintivo do homem, até mesmo dos héteros levados pela curiosidade masculina em relação ao “tamanho” do dote alheio. Mas ninguém fala que faz. Não que seja necessário ser dito, pois nem tudo é para ser falado mesmo.  Mas também não vale criticar.

A questão do banheirão vai muito além da promiscuidade pura. Pegação em banheiros públicos faz parte do universo homossexual desde tempos remotos.

Imaginem só uma época em que os gays eram perseguidos e não tinham qualquer liberdade para exercer a sua sexualidade, muito mais do que é hoje em dia. Agora imaginem um lugar onde estes homens ávidos por sexo pudessem se encontrar, trocar olhares, exibirem seus pênis e tocarem-se longe dos olhos da sociedade repressora e pudessem fazer isso sem se comprometerem. O que aconteceria? O óbvio, né?



Para os gays do passado, os banheirões sempre funcionaram como uma espécie de estratégia de sobrevivência. Casal gay não entrava em motel. Mesmo se pudesse, faltava coragem. Então, era nos banheiros públicos que muitos homens (a grande parte casados e enrustidos) tinham liberdade para extravasarem suas fantasias eróticas tão repreendidas, assim como becos escuros, parques, etc. A partir daí estabeleceu-se uma espécie de cultura dentro do universo erótico homossexual que perdura até os dias de hoje. Mesmo porque o preconceito contra o gay ainda é grande e muitos homens com dificuldade de se assumirem ainda têm que recorrer a esta “técnica” se quiserem ter algum momento de prazer.


Há ainda a questão do fetiche, do prazer do sexo anônimo e da safadeza pura mesmo. Entra tudo neste balaio de gatos. Muitos caras casados se realizam apenas dentro de um banheirão. Muitos jovens gays têm o primeiro contato com o sexo masculino e fazem sua iniciação sexual dentro de um banheiro público, de um vestiário da aula de educação física, etc…

Já vi muito gay torcer a boca quando ouve alguém contar que fez pegação no banheirão. Mas vamos que combinar que não dá para taxar quem faz isso de promíscuo, sem vergonha ou baixo nível, julgar, diminuir, porque é feito por gente de todos os níveis e classes sociais. Do banheirão da Central do Brasil até o banheiro limpíssimo de um shopping de luxo na Barra. E além do mais, não é muito diferente de ir a uma sauna, a um cinema pornô, entrar numa sala de bate papo gay da uol ou ter perfil no Disponível ou no Manhunt. Que atire a primeira pedra quem nunca lançou mão de uma dessas ferramentas para encontrar alguém!

Ah, isso é coisa de gay promíscuo, dizem alguns. Fator condicional. Experimentem colocar homens e mulheres héteros juntos dentro de um único banheiro para ver no que vai dar!

Mas vale uma lembrança: A prática de ato obsceno em lugar público é passível de pena de três meses a um ano de prisão. Artigo 233 do Código Penal.