Entrevista com Doutor João Batista Pedrosa
Por Paulo Fernando e Giselle Jacques
Entrevista Cedida ao Site Maduros Brasil
Eles povoam os banheiros das grandes cidades. Eles assombram shoppings, praças, restaurantes, festas, clubes e todo lugar que possua banheiro masculino. Eles não são fantasmas – são feitos de carne, osso e falo. Estamos falando dos caçadores de sexo em banheiros. Apelidados maldosamente de “bostas fixas”, esses caçadores usam os banheiros públicos para escoamento não só de suas necessidades fisiológicas como também de seus desejos mais picantes. Para entendermos melhor esse comportamento tão comum do propalado “banheirão”, entrevistamos o psicólogo Doutor João Batista pedrosa, terapeuta sexual e analista de comportamento.
1) Doutor, por que o desejo de transar em banheiro público? Existe alguma explicação à luz da psicologia?
1) Doutor, por que o desejo de transar em banheiro público? Existe alguma explicação à luz da psicologia?
Resposta: Inicialmente temos que compreender que em matéria de comportamento não podemos generalizar, pois cada comportamento tem um funcionalidade, ou seja, tem uma causa muito particular para aquele organismo se comportar de tal forma – idiossincrasia. O desejo de fazer sexo em banheiro público pode ter as mais diversas funcionalidades; vai depender da história daquele determinado indivíduo: repressão sexual, homofobia, facilidade de ter o contato gay anônimo e rápido, medo de buscar um parceiro num ambiente notoriamente gay, entre outros. Em muitos casos, gays que possuem dificuldade em assumir sua homossexualidade procura este tipo de prática sexual.
Resposta: Porque a exposição de dois homens no banheiro é bem próxima, um ao lado do outro no mictório vendo um o pênis do outro a facilidade do contato corporal; faz parte da cultura homossexual – foi uma forma prática que os gays encontraram para se saciarem sexualmente. Pela própria anatomia sexual masculina é muito fácil fazer sexo no banheiro: colocar o pênis para fora, pegálo, apreciálo, chupálo e até fazer a penetração. Além da masturbação mútua. Esta prática é feita, também, por mulheres mas bem rara.
3) No caso específico dos gays (que são os praticantes mais comuns de sexo casual em banheiros masculinos), não existe um perfil de pessoas que buscam esse tipo de prazer – podendo ser ricos, pobres, cultos, ignorantes, etc. Mas podemos identificar um aspecto em comum entre todos os que buscam sexo nesses ambientes?
Resposta: Geralmente, são pessoas que estão dentro do armário, gays casados com mulheres que querem manter o anonimato.
4) Cada vez mais, os banheiros públicos (ou até banheiros de instituições privadas) tem sido um foco crescente de promiscuidade e demanda por sexo fácil. Na internet, por exemplo, e em redes sociais, encontramos infinidades de fóruns e comunidades no orkut indicando banheiros e dando sugestões e detalhes picantes de coisas que acontecem nesses lugares. Há vários canais que fornecem informações sobre horários ideais, locais e até trabalhadores envolvidos na “pegação”. Na sua opinião, esse é um problema social que precisa ser removido ou ignorado?
Resposta: Não vejo como problema social. Foi uma forma que os gays encontraram para driblar a repressão sexual social e a homofobia. Caso vivêssemos num mundo sem homofobia onde cada gay pudesse vivenciar sua homossexualidade de forma livre esta prática talvez existisse, mas seria muito pequena.
5) O preconceito, o machismo e a homofobia ajudam a compor o desejo por sexo em banheiro masculino, transformando o ato sexual em um "risco prazeroso"?
5) O preconceito, o machismo e a homofobia ajudam a compor o desejo por sexo em banheiro masculino, transformando o ato sexual em um "risco prazeroso"?
Resposta: Como expliquei na resposta anterior esta prática é resultado da homofobia.
6) No seu entender, há nessa prática de sexo casual alguma forma de rebelião contra os padrões da sociedade, mesmo com a homossexualidade ganhando espaço a cada dia junto à heterossexualidade convencional?
Resposta: Podemos entender como rebelião sim. Grupos sociais que são rechaçados pela sociedade procuram formas alternativas “marginais” ou pouco convencionais para sobreviverem. No caso do gay fazer sexo em banheiro público, cinemas, saunas, entre outros.
7) O banheiro virou um estigma e, talvez, um trauma social causado por séculos de repressão, sentimentos de culpa e medo por parte dos homossexuais. Podemos considerar essa prática uma forma de distúrbio emocional?
Resposta: Não é um distúrbio emocional, é uma resposta à homofobia e à repressão.
8) O medo de relacionamentos ou o medo de exposição pode estar associado à prática do sexo em banheiros?
Resposta: Sim, na maioria dos casos.
9) Quando a prática se torna um vício, o que o praticante pode fazer pra controlar e dissipar a fixação por esse desejo? Existe alguma terapia direcionada?
Resposta: Sim, a Terapia Comportamental que é a que eu pratico resolve. Já tratei vários cliente em que o banheirão tornou-se vício.
10) A prática de sexo em banheiros envolve tanto a promiscuidade quanto o anonimato. Em que aspectos podemos pensar nessa prática como forma de fuga à rigidez social preconceituosa?
Resposta: Anonimato sim. Agora promiscuidade, aí temos que definir o que cada um entende por promíscuo. Seria fazer sexo com muitas pessoas ao mesmo tempo? Ter vários parceiros sexuais? E por aí vai. Quando se liga o sexo gay com a promiscuidade muitas vezes esta ligação vem com uma carga grande de preconceito. Conheço muito homens héteros que saem com um nova garota toda semana e são tachados de macho e não de promíscuo. Ou fazem sexo com três garotas ao mesmo tempo. O que quero dizer é que quando é o gay que tem muitos parceiros sexuais ele é promíscuo, quando é o hétero é o cara bom de cama o machão. Ele é valorizado e o gay desqualificado.
Caso queira conhecer mais o trabalho e os livros do Doutor Pedrosa, acesse o site:
www.syntony.com.br
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